quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Bônus de novo


Pra terminar bonitinho e lincar com o Wake (a ver..)
E, ah, se alguém passar por aqui antes de tipo domingo me escreva pra dizer o que eu ando devendo. Tenho a impressão de ter prometido levar uma ou outra coisa ao longo do semestre. Gritem.

Penélope

Sim porque ele nunca fez uma coisa dessas de pedir pra ganhar o cafe na cama com dois ovos desde o hotel City Arms quando ele ficava fingindo que ficava de cama com uma voz de doente se fazendo de sua alteza pra se fazer de interessante pra aquela velha coroca da senhora Riordan que ele achava que tinha bem na palma da mao e ela nunca deixou um tostao pra gente tudo pra missas pra ela e a alma dela a maior maodevaca do mundo sempre foi tinha medo até de gastar 4p pro alcool metilado dela me contando todas as mazelas ela tinha era conversa de velho demais sobre politica e terremotos e o fim do mundo deixa a gente se divertir um pouco antes Deus que ajude o mundo se todas as mulheres fossem do tipo dela malhando os maios e os decotes e claro que ninguem queria que ela usasse eu imagino que ela era toda santa porque homem nenhum ia olhar pra ela duas vezes espero que eu nunca fique que nem ela era de se admirar que ela nao quisesse que a gente cobrisse o rosto mas era uma mulher bem educada com certeza e aquele palavrorio dela de senhor Riordan pra ca e senhor Riordan pra la imagino que ele ficou foi feliz de se ver livre dela e o cachorro dela cheirando o meu casaco de pele e sempre fucando pra entrar debaixo da minha anagua especialmente naquela epoca ainda assim eu gosto disso nele educado com as velhinhas desse jeito e os garcons e os mendigos tambem ele nao e orgulhoso a toa mas nao sempre se algum dia ele realmente tiver alguma coisa seria de verdade com ele e muito melhor pra eles ir pra um hospital com tudo limpinho mas eu imagino que eu ia ter que martelar isso nele por um mes sim e ai a gente ia ficar com uma enfermeira de hospital assim que eu piscasse e deixar ele por la ate eles expulsarem ou uma freira quem sabe que nem a foto safada que ele tem ela e tao freira quanto eu sou sim porque eles sao tao fracos e choraminguentos quando estao doentes eles precisam de uma mulher pra ficar bons se o nariz dele sangra voce era capaz de pensar que era O uma tragedia e aquela com a cara de moribundo saindo da Circular Sul quando ele torceu o pe na festa do coral no morro do PaodeAcucar no dia que eu estava com aquele vestido a senhorita Stack trazendo flores pra ele as piores e mais velhas que ela consegui achar no fundo do cesto tudo mas tudo mesmo pra conseguir entrar em um quarto de homem com aquela vozinha de solteirona tentando imaginar que ele estava morrendo por causa dela para jamais voltar a ver teu semblante ainda que ele tivesse mais cara de homem com a barba um pouco crescida na cama o papai era a mesma coisa alem disso eu odeio bandagens e remedinhos quando cortou o dedao do pe com a navalha cortando os calos com medo de pegar tetano mas se fosse o caso de eu estar doente ai e que a gente via que atencao so que e claro que as mulheres escondem pra nao dar todo o trabalho que eles dao sim ele gozou em algum lugar eu tenho certeza pelo apetite dele enfim amor e que nao e se nao ele estaria virado do avesso pensando nela entao ou foi uma dessas mulheres da noite se era la mesmo que ele estava e a historia do hotel que ele inventou um monte de mentiras pra esconder planejando tudo o Hynes me segurou quem foi que eu encontrei ah sim eu encontrei voce se lembra dele o Menton e quem mais quem deixa ver aquele grandao com cara de nene eu vi ele com ele nao tem muito tempo casado flertando com uma moca no miriorama Pooles

***

ele estava dando tudo que podia pra nao cair no sono depois da ultima vez depois que a gente tomou o porto com a carne em conserva ela estava com um belo gostinho salgado sim porque eu tambem estava me sentindo otima e cansada e peguei no sono mais fundo do mundo assim que me estiquei na cama ate aquele trovao me acordar Deus tenha piedade de nos eu achei que o ceu ia cair em cima da gente como castigo quando eu me benzi e disse uma Ave Maria que nem aqueles relampagos horriveis em Gibraltar como se fosse o fim do mundo e ai eles vem dizer que nao existe Deus o que e que voce podia fazer se a coisa estivesse estourando e jorrando por ai nada a nao ser fazer um ato de contricao a vela que eu acendi aquela noite na capela da rua dos frades brancos pelo mes de maio esta vendo ela deu sorte apesar de que ele ia rir disso se ouvisse porque ele nunca vai na igreja pra missa ou reuniao ele diz que a alma da gente que a gente nao tem alma dentro so massa cinzenta porque ele nao sabe o que e ter uma sim quando eu acendi a luz porque ele deve ter gozado 3 ou 4 vezes com aquela coisa imensa vermelhona monstruosa que ele tem eu achei que a veia ou sei la que meleca de nome que aquilo tem ia explodir apesar do nariz dele nao ser tao grande depois de eu tirar todas as coisas com as persianas abaixadas depois de horas me vestindo e me perfumando e me penteando parecia um ferro ou um pe de cabra grosso de pe o tempo todo ele deve ter comido ostra eu acho umas duzias estava com uma voz otima para cantar nao eu nunca em toda a minha vida senti que alguem tinha um daquele tamanho pra fazer voce se sentir bem cheia ele deve ter comido uma ovelha inteira depois que ideia e essa de fazer a gente desse jeito com um buracao no meio ou que nem um garanhao enfiando aquilo em voce porque isso e so o que eles querem da gente com aquele olhar determinado e maldoso eu tive meio que fechar os olhos ainda assim ele nao tem tanta porra assim la dentro quando eu fiz ele tirar e fazer em cima de mim considerando que e grande daquele jeito tanto melhor no caso de um pouco nao ter saido direito com a agua na ultima vez quando eu deixei ele acabar dentro de mim bela invencao que eles fizeram pras mulheres isso de ele ficar com todo o prazer mas se alguem fizesse eles provarem um pouco do remedio eles iam saber o que eu passei com a Milly ninguem ia acreditar ela afiando os dentinhos tambem

***

o Mulvey foi o primeiro quando eu estava na cama naquela manha e a senhora Rubio trouxe pra mim junto com o cafe ela ficou la de pe parada quando eu pedi pra ela me alcancar e eu apontando pra eles eu nao conseguia me lembrar a palavra um grampo de cabelo pra usar pra abrir ah horquilla coisinha velha inconveniente e eu olhando bem na cara dela com aquela mecha de cabelo falso e vaidosa da aparencia feia como era perto dos 80 ou 100 com o rosto que era um punhado de rugas com toda aquela religiao tiranizando porque nunca conseguiu superar a frota do Atlantico chegando com metade dos navios do mundo e a bandeira britanica tremulando com todos os carabineros dela porque 4 marinheiros ingleses bebados tiraram todo o rochedo deles e porque eu nao corria pra missa com frequencia bastante em Santa Maria pra agradar a dita com o xale erguido a nao ser quando tinha casamento com todos os milagres dos santos la dela e a virgem benta preta com o vestido prateado e o sol dancando 3 vezes na manha do domingo de pascoa e quando o padre estava passando com o sino levando o viaticano pros moribundos se benzendo por sua Majestad um admirador ele assinou eu quase cai de quatro eu queria falar com ele quando vi ele me seguindo pela Calle Real na vitrine da loja ai ele so me cutucou quando ia passando mas eu nunca achei que ele ia escrever marcando um encontro fiquei com aquilo dentro do meu corpete de anagua o dia inteiro lendo e relendo em cada canto e em cada buraco enquanto o papai estava no treinamento instruindo pra descobrir pela caligrafia ou a linguagem dos selos cantando eu me lembro sera que eu devo usar uma rosa branca e eu queria avancar aquele relogio velho imbecil pra perto da hora ele foi o primeiro homem que me beijou embaixo do muro mourisco meu namoradinho quando menino nunca entrou na minha cabeca o que representava um beijo ate que ele botou a lingua na minha boca a boca dele era docinha jovenzinha eu encostei o meu joelho nele algumas vezes pra aprender o caminho pra que foi que eu disse pra ele que estava noiva de de sarro do filho de um nobre espanhol chamado Don Miguel de la Flora e ele acreditou em mim que eu devia me casar com ele dali a 3 anos ha muita palavra certa dita alegre ha uma flor que brota algumas coisas eu contei pra ele de verdade sobre mim so pra ele ficar imaginando das espanholas ele nao gostava imagino nao ia ser uma delas que ia ficar com ele eu deixei ele excitado ele esmagou todas as flores no meu colo que ele me trouxe

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da pra sentir ele tentando fazer de mim uma puta o que ele nunca vai fazer ele devia desistir disso agora nesse momento da vida dele e simplesmente a ruina para qualquer mulher e sem nenhuma satisfacao fingindo gostar ate ele gozar e ai resolvo eu mesma sozinha e voce fica com a boca palida enfim esta feito agora de uma vez por todas com todo o falatorio do mundo que esse povo faz e so a primeira vez depois e so aquela mesma coisa de fazer e nao pensar mais nisso por que a gente nao pode beijar um homem sem ter que ir e casar com ele antes a gente as vezes tem tanta vontade quando voce se sente assim tao bom no corpo todo voce nao consegue evitar eu queria que algum homem qualquer me pegasse quando ele esta junto e me beijasse sem ele me largar nao existe nada como um beijo comprido e quente ate a alma quase te paralisa depois eu odeio aquela confissao quando eu ainda ia procurar o padre Corrigan ele me tocou padre e dai se tocou onde e eu disse no banco do canal que nem uma boba mas em que partes de sua pessoa minha crianca na perna por tras bem pra cima por acaso sim bem alto por acaso tera sido onde voce se senta sim O meu Deus sera que nao dava pra ele dizer bunda de uma vez e acabar logo com isso o que e que isso tudo tem a ver e por acaso voce seja la como ele dizia eu nao lembro nao padre

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cacilda como e tarde imagino que eles devem estar acabando de levantar na china agora ajeitando as trancinhas pra encarar o dia logo as freiras vao estar batendo o angelus elas nao tem ninguem chegando pra estragar o sono delas a nao ser um ou outro padre de vez em quando pro oficio noturno ou o despertador do vizinho quando o galo canta estourando os miolos deixa ver se eu consigo pegar no sono 1 2 3 4 5 que tipo de flor sao aquelas que eles inventaram que nem as estrelas o papel de parede na rua Lombard era bem mais bonito o avental que ele me deu era parecido com isso ou alguma coisa assim so que eu so usei duas vezes melhor diminuir a luz e tentar de novo pra eu poder levantar cedo eu vou passar na venda de frutas do Lamb la junto do Findlater e pedir pra eles mandarem umas flores pra gente colocar por aqui caso ele traga o professor pra casa amanha hoje quer dizer nao nao sextafeira dia de azar primeiro eu quero dar um jeito na casa parece que o po nasce nas coisas de algum jeito acho que e quando eu estou dormindo ai a gente pode tocar e cantar e fumar cigarro e eu posso acompanhar ele primeiro eu tenho que limpar as teclas do piano com leite o que e que eu vou usar sera que eu uso uma rosa branca ou aqueles bolinhos chiques da lipton eu adoro o cheiro de uma loja grande grafina custa 7 e 1/2 p a lb ou aqueles outros com cereja dentro e acucar corderrosa a 11 p umas duas lbs desses uma bela planta pra por no meio da mesa isso eu consigo mais barato no espera onde e que fica eu vi nao faz muito tempo eu adoro flor eu ia adorar entupir a casa toda de rosa Deus do ceu nao tem nada como a natureza as montanhas selvagens e ai o mar e as ondas rolando e ai o interior lindo com os campos de aveia e de trigo e todo tipo de coisa e todo aquele gado bonito andando de um lado pro outro isso era de fazer bem pro coracao so de ver os rios os lagos e as flores e tudo quanto e tipo de formas e cheiros e cores saltando ate das fossas primulas e violetas e a natureza e por mais que eles digam que nao existe Deus eu nao dou dez merreis de mel coado por toda a sabedoria deles por que eles nao vao e criam alguma coisa eu sempre perguntei pra ele os ateus ou sei la que nome que eles se dao vao la tirar as cracas primeiro depois saem berrando atras do padre e eles la morrendo e por que ora porque eles tem medo do inferno por causa da ma consciencia deles ah sim eu conheco bem os tipos quem foi a primeira pessoa no universo antes de existir alguem que fez isso tudo que ah isso eles nao sabem e nem eu entao e isso dava na mesma se eles tentassem impedir o sol de nascer amanha o sol brilha por voce ele disse no dia em que a gente estava deitado no meio dos rododendros no morro Howth com o terno cinza de tweed e o chapeu de palha no dia em que eu fiz ele me pedir em casamento sim primeiro eu dei pra ele um pouco do bolo de gergelim que estava na minha boca e era ano bissexto que nem agora ha dezesseis anos atras meu Deus depois daquele beijo comprido eu quase perdi o folego sim ele disse que eu era uma flor da montanha sim entao nos somos flores todas o corpo de uma mulher sim essa foi uma bela verdade que ele disse na vida e o sol brilha por voce hoje sim foi por isso que eu gostei dele porque eu vi que ele entendia ou sentia o que uma mulher e e eu soube que ia poder sempre passar a perna nele e eu dei todo o prazer que eu pude pra ele aticando ele ate ele pedir pra eu dizer sim e eu nao queria responder primeiro so olhei pra longe por cima do mar e o ceu eu estava pensando em tantas coisas que ele nao sabia no Mulvey e no senhor Stanhope e na Hester e no pai e o velho capitao Groves e nos marinheiros brincando de lenço atrás e simao mandou e tirando água do joelho no porto como eles diziam e no sentinela na frente da casa do governador com a coisa redonda o capacete branco pobre diabo quase tostado e as espanholas rindo com aqueles xales e os pentes altos e os leiloes de manha os gregos e os judeus e os arabes e sabe Deus mais quem de tudo que e canto da europa e a rua duke e o mercado de aves todas cacarejando do lado de fora da Larby Sharon e os burrinhos coitados escorregando meio dormindo e os sujeitos indistintos com as capas dormindo na sombra na escada e as rodas grandes dos carros de boi e o velho castelo com milhares de anos sim e aqueles mouros bonitos todos de branco e com uns turbantes que nem reis pedindo pra gente sentar na lojinha minuscula deles e a Ronda com as viuvas velhas das posadas 2 olhos de relance uma gelosia escondida pro amante dela beijar o ferro e as lojas de vinho meio abertas de noite e as castanholas e a noite que a gente perdeu o barco em Algeciras o vigia tranquilo de um lado pro outro com a lampada e ah a terrivel torrente profunda ah e o mar o mar carmim as vezes que nem fogo e os poentes esplendorosos e as figueiras nos jardins de Alameda sim e todas aquelas ruelas esquisitas e as casas rosas e azuis e amarelas e os roseirais e os jasmins e os geranios e os cactos e Gibraltar eu menina onde eu era uma Flor da montanha sim quando eu pus a rosa no cabelo como as meninas andalusas faziam ou sera que eu devo usar uma vermelha sim e como ele me beijou no pe do muro mourisco e eu pensei tanto faz ele quanto outro e ai eu pedi com os olhos pra ele pedir de novo sim e ai ele me pediu se eu sim diria sim minha flor da montanha e primeiro eu passei os bracos em volta dele sim e puxei ele pra baixo pra perto de mim pra ele poder sentir os meus peitos so perfume sim e o coracao dele batia que nem louco e sim eu disse sim aceito Sim.

Trieste – Zurique – Paris

1914-1921


quarta-feira, 14 de novembro de 2007

E de bônus (Ítaca está logo ali embaixo) uma imagem cuja relevância eu depois explico

Ítaca [e os textos vão ficando grandes porque eu já vou ficando com saudade.. :-) ]

Que cursos paralelos seguiram Bloom e Stephen ao voltar?

Largando unidos ambos em passo normal de caminhada da praça Beresford eles seguiram na ordem exposta as ruas Gardiner baixa e média e a praça Mountjoy, Oeste: então, em passo reduzido, cada um dobrando à esquerda, a praça Gardiner por uma distração até a esquina mais afastada da rua Temple: então, em passo reduzido com interrupções em que estacavam, seguindo para a direita, rua Temple, Norte, até a praça Hardwicke. Aproximando-se, disparatados, em um passo de caminhada relaxada cruzaram ambos a volta diante da igreja de George em seu diâmetro, sendo a corda em qualquer círculo menor que o arco que delimita.

Sobre o que deliberou o duumvirato durante seu itinerário?

Música, literatura, a Irlanda, Dublin, Paris, amizade, a mulher, prostituição, dieta, a influência da luz a gás ou da luz de lâmpadas de arco ou incandescentes sobre o crescimento de árvores paraheliotrópicas circunstantes, baldes de lixo de emergência ao ar livre da corporação, a igreja católica romana, celibato eclesiástico, a nação irlandesa, a educação jesuíta, carreiras, o estudo da medicina, o dia passado, a maléfica influência do prèssabá, o colapso de Stephen.

Teria Bloom descoberto fatores comuns de similaridade entre suas respectivas semelhantes e dissemelhantes reações à experiência?

Ambos eram sensíveis a impressões artísticas, musicais em preferência a plásticas ou pictóricas. Ambos preferiam um estilo de vida continental a um insular, um local de residência cisatlântico a um transatlântico. Ambos obdurados por precoce treinamento doméstico e por uma herdada tenacidade de resistência heterodoxa professavam sua descrença em várias doutrinas religiosas ortodoxas, nacionais, sociais e éticas. Ambos admitiam a alternadamente estimulante e obtundente influência do magnetismo heterossexual.

Por acaso eram divergentes em alguns pontos seus pontos de vista?

Stephen dissentia abertamente das opiniões de Bloom sobre a importância da autoajuda dietética e cívica enquanto que Bloom dissentia tacitamente das opiniões de Stephen sobre a eterna afirmação do espírito do homem na literatura. Bloom aquiescia implicitamente com a retificação de Stephen do anacronismo envolvido em se atribuir a data da conversão da ação irlandesa à cristandade do druidismo por Patrício filho de Calpornus, filho de Pórcio, filho de Odyssus, enviado pelo papa Celestino I no ano de 432 no reinado de Leary ao ano 260 ou próximo dele no reino de Cormac MacArt († 266 A.D.), afogado pela imperfeita deglutição de alimento em Sletty e inumado em Rossnaree. O colapso que Bloom atribuía a inanição gástrica e certos compostos químicos de variados graus de adulteração e força alcoólica, acelerado por esforço mental e pela velocidade do acelerado movimento circular em uma atmosfera relaxante, Stephen atribuía à reaparição de uma nuvem matutina (percebida por ambos de dois diferentes pontos de observação, Sandycove e Dublin) de início de tamanho equivalente ao de uma mão de mulher.

Havia um ponto em que suas opiniões fossem idênticas e negativas?

A influência da luz a gás ou elétrica no crescimento de árvores paraheliotrópicas circunstantes.

Teria Bloom discutido assuntos semelhantes durante perambulações noturnas no passado?

Em 1884 com Owen Golberg e Cecil Turnbull à noite em vias públicas entre a avenida Longwood e a esquina Leonard e a esquina Leonard e a rua Synge e a rua Synge e a avenida Bloomsfield. Em 1885 com Percy Apjohns algumas vezes ao entardecer, reclinados contra o muro entre a villa Gibraltar e a casa Bloomsfield em Crumlin, baronato de Uppercross. Em 1886 ocasionalmente com conhecidos casuais e com compradores em potencial ao pé da porta, em salas de visitas, em vagões de terceira classe de linhas férreas suburbanas. Em 1888 com freqüência com o major Brian Tweedy e sua filha a senhorita Marion Tweedy, juntos e separadamente no salão da casa de Matthew Dillon em Roundtown. Uma vez em 1892 e uma vez em 1893 com Julius (Juda) Mastiansky, em ambas as ocasiões na sala da casa dele (Bloom) na rua Lombard, Oeste.

Sobre o que a respeito da seqüência irregular de datas 1884, 1885, 1886, 1888, 1892, 1893, 1904 refletiu Bloom antes da chegada deles a seu destino?

Ele refletiu que a progressiva extensão do campo do desenvolvimento e da experiência individuais era regressivamente acompanhada por uma restrição do domínio correlato das relações interindividuais.

De que maneiras por exemplo?

Da inexistência à existência ele veio a muitos e como um foi recebido: existência com existência ele estava com qualquer como qualquer com qualquer: da existência à nãoexistência passado ele seria por todos como nenhum percebido.

Que ação realizou Bloom na chegada deles a seu destino?

Nos degraus da porta do 4º. Dos equidiferentes números ímpares, o número 7 da rua Eccles, ele inseriu sua mão mecanicamente no bolso de trás de suas calças para obter sua chave.

Ela estava lá?

Estava no bolso correspondente das calças que ele usara no dia anterior ao anterior.

Por que ele ficou duplamente irritado?

Porque havia esquecido e porque se lembrava de ter se lembrado duas vezes de não esquecer.

Quais eram então as alternativas diante do, premeditadamente (respectivamente) e inadvertidamente, deschaveado par?

Entrar ou não entrar. Bater ou não bater.

A decisão de Bloom?

Um estratagema. Apoiando os pés no muro anão, ele escalou as grades da área, comprimiu seu chapéu na cabeça, agarrou dois pontos da mais baixa união entre barras e travessas, abaixou seu corpo gradualmente por seu comprimento de um metro e setenta e seis centímetros para cerca de oitenta e seis centímetros do piso da área e permitiu que seu corpo se movesse livremente no espaço separando-se da grade e se agachando em preparação ao impacto da queda.

Ele caiu?

Pelo peso conhecido de seu corpo de setenta quilos e setecentos e oitenta gramas em medida convertida ao sistema métrico, conforme certificado pela máquina graduada de autopesagem periódica no estabelecimento de Francis Froedman, químico farmacêutico do número 19 da rua Frederick, Norte, na última festa da ascenção, a saber, o dècimossegundo dia de maio do ano bissexto de um mil novecentos e quatro da era cristã (era judaica cinco mil seiscentos e sessentequatro, era maometana um mil trezentos e vintedois), número de ouro 5, epacta 13, ciclo solar nove, letras dominicais C B, indicção romana 2, período Juliano 6617, MCMIV.

Ele se levantou sem ferimentos por concussão?

Readquirindo novo equilíbrio estável ele se levantou sem ferimentos conquanto concutido pelo impacto, ergueu a tranca da porta da área pela aplicação de força em sua flange livremente móvel e por alavanca de primeiro tipo exercida em seu fulcro, ganhou acesso retardado à cozinha através das dependências de empregada subadjacentes, igniu um fósforo lucífero por fricção, liberou gás de carvão inflamável girando a manopla, acendeu uma chama alta que, por regulagem, reduziu a quiescente incandescência e acendeu finalmente uma vela portátil.

Que discreta sucessão de imagens percebeu Stephen entrementes?

Reclinado contra as grades da área ele percebeu através dos transparentes vidros da cozinha um homem regulando uma chama de gás de 14 CP, um homem acendendo uma vela de 1 CP, um homem removendo uma de cada vez suas duas botas, um homem deixando a cozinha segurando uma vela.

E o homem reapareceu alhures?

Depois de um lapso de quatro minutos o cintilar de sua vela era discernível através da semicircular abertura semitransparente de vidro sobre a porta de entrada. A porta de entrada girou gradualmente em suas dobradiças. No espaço aberto do limiar o homem reapareceu sem seu chapéu, com sua vela.

Stephen obedeceu a seu sinal?

Sim, entrando suavemente, ele ajudou a fechar e passar a corrente na porta e seguiu suavemente ao longo do vestíbulo as costas do homem e seus pés valgos e vela acesa passando por uma fissura iluminada de uma porta à esquerda e cuidadosamente por uma escadaria em roda de mais de cinco degraus para a cozinha da casa de Bloom.

O que Bloom fez?

Ele extinguiu a vela por uma breve expiração de alento sobre sua chama, puxou duas cadeiras de pechincha com assentos de colher para a pedralareira, uma para Stephen com as costas para a janela da área, a outra para si próprio quando necessário, ajoelhou-se em um joelho, compôs na trempe uma pira de palitos entrecruzados de pontas enresinadas e vários papéis coloridos e polígonos irregulares do melhor carvão Abram a vinteum shillings a tonelada do depósito dos senhores Flower e M´Donald da rua D’Olier, número 14, acendeu-a em três pontos que se projetavam do papel com um fósforo lucífero incendido, libertando assim a energia potencial contida no combustível ao permitir que seus elementos de carbono e hidrogênio entrassem em livre união com o oxigênio do ar.

Em que semelhantes aparições pensava Stephen?

Em outros em outros lugares em outros momentos que, ajoelhando-se em um joelho ou dois, acenderam fogos para ele, no Irmão Michael na enfermaria da universidade da Sociedade de Jesus em Clongowes Wood, Sallins, no condado Kildare: em seu pai, Simon Dedalus, em um aposento desmobiliado de sua primeira residência em Dublin, o número treze da rua Fitzgibbon: em sua madrinha a senhorita Kate Morkan na casa de sua irmã moribunda a senhorita Julia Morkan no número 15 de Usher’s Island: em sua tia Sara, esposa de Richie (Richard) Goulding, na cozinha de seus aposentos na rua Clanbrassil, número 62: em sua mãe Mary, esposa de Simon Dedalus, na cozinha do número doze na rua North Richmond na manhã do dia da festa de são Francisco Xavier em 1898: no deão de estudos, Padre Butt, no auditório de física do University College, número 16, Stephen´s Green, Norte: em sua irmã Dilly (Delia) na casa de seu pai em Cabra.

***

O que seus membros, quando gradualmente estendidos, encontraram?

Roupa de cama nova e limpa, odores adicionais, a presença de uma forma humana, feminina, a dela, a marca de uma forma humana, masculina, não a dele, algumas migalhas, alguns flocos de carne em conserva, requentada, que ele removeu.

Se ele tivesse sorrido por que teria sorrido?

Para refletir que cada um que entra imagina ser o primeiro a entrar enquanto é sempre o último termo de uma série precedente mesmo sendo o primeiro termo de uma outra subseqüente, cada um imaginando ser primeiro, último, único e só enquanto que não é nem primeiro nem último nem único nem só em um série que se origina e se repete no infinito.

Que série precedente?

Tomando Mulvey como o primeiro termo da série dele, Penrose, Bartell d’Arcy, o professor Goodwin, Julius Mastiansky, John Henry Menton, o padre Bernard Corrigan, um fazendeiro na exibição de cavalos da Royal Dublin Society, Verme O’Reilly, Matthew Dillon, Valentine Blake Dillon (lorde prefeito de Dublin), Christopher Callinan, Lenehan, um tocador de realejo italiano, um cavalheiro desconhecido no teatro Gaiety, Benjamin Dollard, Simon Dedalus, Andrew (Pudindecana) Burke, Joseph Cuffe, Wisdom Hely, o conselheiro John Cooper, o doutor Fancis Brady, o padre Sebastian do Monte Argus, um engraxate no Escritório Geral do Correio, Hugh E. (Rojão) Boylan e assim cada um e assim por diante até termo final nenhum.

Quais foram suas reflexões a respeito do último membro dessa série e mais recente ocupante da cama?

Reflexões sobre seu vigor (uma besta), proporções corporais (que bastam), habilidade comercial (um besta), impressionabilidade (um bosta).

Por que para o observador impressionabilidade em adição a vigor, proporção corporal e habilidade comercial?

Porque ele havia observado com freqüência crescente nos membros precedentes da mesma série a mesma concupiscência, imflamadamente transmitida, primeiro com alarme, depois com compreensão, depois com desejo, finalmente com fadiga, com sintomas alternados de compreensão e apreensão epicenas.

Por quais sentimentos antagonísticos foram afetadas suas reflexões subseqüentes?

Inveja, ciúme, renúncia, equanimidade.

Inveja?

De um organismo masculino corpóreo e mental especialmente adaptado para a superincumbente postura na enérgica cópula humana e no enérgico movimento de pistão e cilindro necessário à satisfação de uma constante mas não aguda concupiscência residente em um organismo feminino corpóreo e mental, passivo mas não obtuso.

Ciúme?

Porque uma natureza livre e volátil em estado livre, era alternadamente o agente e o reagente da atração. Porque a atração entre agente(s) e reagente(s) variava a todo instante, com proporção inversa de acréscimo e decréscimo, com incessante extensão circular e reentrância radial. Porque a contemplação controlada da flutuação da atração produzia, se desejado, uma flutuação do prazer.

Renúncia?

Em virtude de a) conhecimento travado em setembro de 1903 no estabelecimento de George Mesias, alfaite de corte e costura, cais Éden, 5, b) hospitalidade estendida e recebida em grau, retribuída e reapropriada em pessoa, c) juventude comparativa sujeita a impulsos de ambição e magnanimidade, altruísmo de camaradagem e egoísmo amoroso, d) atração extrarracial, inibição intrarracial, prerrogativa suprarracial, e) uma iminente turnê musical provincial, despesas comuns compartilhadas, lucros líquidos divididos.

Equanimidade?

Como tão natural quanto outro qualquer um ato e todo ato natural de uma natureza expressa ou compreendida executado na naturada natureza por criaturas naturais de acordo com a natureza naturada dele, dela e deles, de dissimilar similaridade. Como não tão calamitoso como a aniquilação cataclísmica do planeta em conseqüência de uma colisão com um sol escuro. Como menos represensível que roubo, assaltos nas estradas, crueldade com crianças e animais, obter dinheiro por argumentos falaciosos, falsificação, apropriação indébita, desvio de dinheiro público, traição da confiança pública, fingir-se de incapaz, mutilação com finalidade de escapar ao exército, corrupção de menores, calúnia criminosa, chantagem, desrespeito ao tribunal, vandalismo, perfídia, felonia, motim em alto mar, invasão, furto, fuga da cadeia, prática de vício contra a natureza, deserção das forças armadas no campo de batalha, perjúrio, emboscada, usura, conluio com os inimigos do rei, falsidade ideológica, ataque criminoso, chacina, assassinato doloso e premeditado. Como não mais anormal que todos os outros processos paralelos de adaptação a condições alteradas de existência, resultantes em um equilíbrio recíproco entre o organismo corpóreo e suas circunstâncias imediatas, alimentos, bebidas, hábitos adquiridos, inclinações toleradas, doença significativa. Como mais que inevitável, irreparável.

Por que mais renúncia que ciúme, menos inveja que equanimidade?

De ultraje (matrimônio) a ultraje (adultério) surgia nada que não ultraje (copulação) no entanto o violador matrimonial da matrimonialmente violada não havia sido ultrajado pelo violador adúltero da violada adulteramente.

Que retribuição, se alguma houvesse?

Assassínio, jamais, pois que dois males não perfaziam um bem. Duelo por combate, não. Divórcio, não agora. Exposição por artifício mecânico (cama automática) ou testemunho individual (testemunhas oculares ocultas), ainda não. Processo por danos por influência legal ou simulação de ataque com evidência de ferimentos sofridos (autoinflingidos), não impossivelmente. Comprar a calma por influência moral, possivelmente. Se alguma houvesse, absolutamente, cumplicidade, introdução de emulação (material, uma próspera agência de publicidade rival: moral, um bem sucedido agente rival de intimidade), depreciação, alienação, humilhação, separação, protegendo o que se separou do outro, protegendo de ambos o separador.

Com que reflexões justificou ele, consciente reagente contra o vácuo da incerteza, para si próprio seus sentimentos?

A preordenada frangibilidade do hímen: a pressuposta intangibilidade da coisa em si mesma: a incongruidade e a desproporção entre a tensão autoprolongante da coisa que se propõe por fazer e o relaxamento autoabreviante da coisa feita: a falaciosamente inferida debilidade feminina: a musculosidade do macho: as variações de códigos éticos: a natural transição gramatical por inversão sem envolver alteração de sentido de uma proposição no pretérito aoristo (analisada como sujeito masculino, verbo dissilábico transitivo direto, indireto e intransitivo tabuizado com objeto feminino pronominalizado) da voz passiva para sua proposição correlativa no pretérito aoristo (analisada como sujeito feminino, verbo auxiliar e particípio passado trissilábico no feminino com agente masculino complementar) na voz passiva: a continuada produção de seminadores por geração: o contínuo produzir de sêmen por destilação: a futilidade de triunfo ou protesto ou vindicação: a inanidade da alabada virtude: a letargia da matéria insciente: a apatia das estrelas.

Em que última satisfação convergiam esses sentimentos e reflexões antagônicos, reduzidos a suas formas mais simples?

Satisfação diante da ubiqüidade nos hemisférios terrestre oriental e ocidental, em todas as terras habitáveis e ilhas exploradas ou inexploradas (a terra do sol da meianoite, as ilhas afortunadas, os arquipélagos gregos, a terra da promessa), dos hemisférios adiposos femininos anteriores e posteriores, rescendentes a leite e mel e a calidez excretória sanguínea e seminal, reminiscentes de seculares famílias de curvas de amplitude, insuscetíveis a humores impressionísticos ou a contrariedades expressionísticas, exprimindo muda imutável madura animalidade.

Os sinais visíveis de antessatisfação?

Uma quasereção: uma solícita adversão: uma gradual elevação: uma tentativa revelação: uma silente contemplação.

E então?

Beijou o travo flavo recavo suavo dos melõesbravos dos quadris dela, em cada roliço hemisfério melônio, em seu recavo flavo Sulco, com obscura, prolongada, provocativa melanoflava osculação.

Os sinais visíveis de possatisfação?

Uma silente contemplação: uma tentativa velação: um gradual recolhimento: uma solícita aversão: uma quasereção.

O que se seguiu a essa ação silente?

Sonolenta invocação, menos sonolenta recognição, incipiente excitação, catequética interrogação.

Com que modificações replicou o narrador a essa interrogação?

Negativas: omitiu a menção à correspondência clandestina entre Martha Clifford e Henry Flower, a altercação pública em, dentro de e nas vizinhanças do estabelecimento licenciado de Bernard Kiernan e cia, limitada, rua Little Britain, 8, 9 e 10, a provocação erótica e a resposta a ela causada pelo exibicionismo de Gertrude (Gerty), sobrenome desconhecido. Positivas: incluiu menção a uma apresentação da senhora Bandman Palmer em Leah no teatro Gaiety, rua South King, 46, 47, 48, 49, um convite para jantar no hotel Wynn’s (Murphy’s) rua Abbey baixa, 35, 36 e 37, um volume de tendência pornográfica pecaminosa entitulado Doçuras do pecado, autor anônimo um cavalheiro da sociedade, uma concussão temporária causada por um movimento falsamente calculado no decorrer de uma demonstração ginástica poscenal, sendo a vítima (depois completamente recuperada) Stephen Dedalus, professor e autor, mais velho filho vivo de Simon Dedalus, sem ocupação fixa, uma manobra aeronáutica executada por ele (narrador) em presença de uma testemunha, o professor e autor supracitado, com prontidão de iniciativa e flexibilidade ginástica.

De resto, ficou inalterada por modificações a narração?

Absolutamente.

Que evento ou pessoal emergiu como ponto saliente de sua narração?

Stephen Dedalus, professor e autor.

Que limitações de atividade e inibições de direitos conjugais foram percebidas por ouvinte e narrador a respeito deles próprios no decorrer dessa intermitente e cada vez mais lacônica narração?

Pela ouvinte uma limitação de fertilidade na medida em que o casamento havia sido celebrado 1 mês completo depois do 18º. aniversário de seu nascimento (8 de setembro 1870), i.e., 8 de outubro, e consumado na mesma data com rebento feminino nascido em 15 de junho de 1889, tendo sido antecipadamente consumado no dia 10 de setembro do mesmo ano, e completo intercurso carnal, com ejaculação de sêmen dentro do órgão natural da mulher, tendo ocorrido pela última vez cinco semanas antes, i.e. 27 de novembro de 1983, do nascimento em 29 de dezembro do segundo (e único masculino) rebento, falecido em 9 de janeiro de 1894, aos 11 dias de idade, restando um período de 10 anos, 5 meses e 18 dias durante o qual o intercurso carnal havia sido incompleto, sem ejaculação de sêmen dentro do órgão natural da mulher. Pelo narrador uma limitação de atividade, mental e corporal, na medida em que o completo intercurso mental entre ele e a ouvinte não tivera lugar desde a consumação da puberdade, indicada por hemorragia catamênica, do rebento feminino de narrador e ouvinte, em 15 de setembro de 1903, restando um período de 9 meses e 1 dia durante o qual, em conseqüência de uma preestabelecida compreensão natural da incompreensão entre as fêmeas consumadas (ouvinte e rebento), a completa liberdade corporal de ação havia sido restrita.

Tais como?

Por diversas reiteradas interrogações femininas a respeito da destinação masculina para onde, o lugar onde, a hora em que, a duração pela qual, o objeto com o qual em caso de ausências temporárias, projetadas ou efetuadas.

O que se movia visivelmente sobre os invisíveis pensamentos de ouvinte e narrador?

A reflexão no teto de uma lâmpada e cúpula, uma inconstante série de círculos concêntricos de variadas gradações de luz e sombra.

Em que direções estendiam-se ouvinte e narrador?

Ouvinte, es-sudeste: narrador, nor-noroeste: no 53º. paralelo de latitude, Norte, e no 6º. meridiano de longitude, Oeste: em um ângulo de 45º. Em relação ao equador terrestre.

Em que estado de repouso ou movimento?

Em repouso relativamente a eles mesmos e um em relação ao outro. Em movimento sendo ambos e cada um deles carregado para Oeste, para a frente e para trás respectivamente, pelo perpétuo movimento próprio da terra através de sempremutáveis trilhas de nuncamutável espaço.

Em que postura?

Ouvinte: reclinada semilateralmente, para a esquerda, mão esquerda sob a cabeça, perna direita estendida em uma linha reta e descansando sobre a perna esquerda, fletida, na atitude de Géa-Tellus, completada, recumbente, plena de semente. Narrador: reclinado lateralmente, para a esquerda, com pernas direita e esquerda fletidas, o dedoindicador e o polegar da mão direita descansando na ponte do nariz, na atitude representada em uma fotografia instantânea feita por Percy Apjohn, o meninomem exausto, o homenino no útero.

Útero? Exausto?

Ele repousa. Viajou.

Com?

Simbá dos sete mares e Timbá dos sete tares e Dimbá dos sete dares e Guimbá dos sete gares e Limbá dos sete lares e Bimbá dos sete bares e Pimbá dos sete pares e Himbá dos sete hares e Qüimbá dos sete quares e Rimbá dos sete rares e Zimbá dos sete zares e Jimbá dos sete Kares e Wimbá dos sete fares e Nimbá dos sete Yares e Ximbá dos sete Phthares.

Quando?

Indo a leito escuro havia um quadrado ovo redondo de auco da roca de Simbá dos sete mares na noite do leito de todos os aucos das rocas de escurimbá dos setediasbrilhares.

Onde?

.


domingo, 11 de novembro de 2007

Eumeu

Preparatoriamente ao que mais fosse o senhor Bloom espanou a maior parcela da serragem e entregou a Stephen o chapéu e o freixo e levantou seu moral geral à moda samaritana ortodoxa do que deveras precisava. Sua (de Stephen) cabeça não estava exatamente o que se poderá chamar de divagando mas um pouco perdida e a seu expresso desejo por uma bebida que se bebesse o senhor Bloom em vista da hora que era e havendo bomba nenhuma de água do Vartry disponível para suas abluções que dirá propósitos ingestivos deu com um expediente ao sugerir, de improviso, as instalações do abrigo do cocheiro, como era dito, a nem uma pedrada de distância perto da ponte Butt onde poderiam dar com alguns potáveis na forma de um leite e soda ou de uma mineral. Mas como chegar lá era o busílis. Pelo momento estava deveras desorientado mas na medida em que o dever claramente lhe impunha tomar providencias sobre o assunto ele ponderou vias e meios adequados durante o que Stephen repetidamente bocejava. Até onde ele podia ver, ele estava bastante pálido em seu rosto de forma que ocorreu-lhe como altamente aconselhável conseguir um meio de transporte de alguma natureza que lhes pudesse prover em sua atual condição, estando ambos azuis, particularmente Stephen, sempre presumindo haver tal coisa à disposição. Consoantemente depois de algumas preliminares tais que escovar-se, a despeito de ter-lhe esquecido apanhar seu algo ensaboado lenço depois de ter-lhe este prestado nobre serviço no front da serragem, caminharam ambos juntos pela rua Beaver ou, mais adequadamente, alameda, até os ferradores e a marcantemente fétida atmosfera dos estábulos dos coches de praça na esquina rua Montgomery onde apontaram seus passos para a direita a partir daquele ponto desembocando na rua Amiens próximos à esquina da loja de Dan Bergin. Mas como ele confidente previra não havia um só sinal de um faetonte buscando corrida em lugar algum que se visse a não ser por um veículo de quatro rodas, provavelmente já tomado por alguns sujeitos lá dentro na fuzarca, na frente do hotel North Star e não houve sintomas de ele se arrastar um terço de centímetro quando o senhor Bloom, que era tudo menos um assoviador profissional, intentou invocá-lo emitindo uma sorte de apito, mantendo os braços arqueados por sobre a cabeça, duas vezes.

Era um impasse mas, trazendo o sensocomum para enfrentá-lo, evidentemente não havia o que se fizesse que não olhar a situação com um sorriso e pôr-se a caminho o que consoantemente fizeram. Assim, roçando a loja de Mullet e a assim chamada Signal House que logo alcançaram, prosseguiram necessariamente na direção do terminal de trens da rua Amiens, estando o senhor Bloom lastreado pela circunstância de que um dos botões de trás de suas calças havia, para variar o veterano anexim, descido perna abaixo embora, assumindo plenamente o espírito da coisa, ele heroicamente fizesse pouco do infortúnio. Assim, como nenhum deles estava particularmente pressionado por horários, como calhava, e refrescada a temperatura já que havia clareado depois da recente visita de Jupiter Pluvius, eles encetaram caminho até além de onde o veículo vazio esperava sem passageiro ou cocheiro. Como então calhou, um espalhareia da companhia Unida de Bondes de Dublin calhava estar retornando e o homem de mais idade narrou a seu companheiro à propos do incidente seu próprio miraculoso escape de algum pouco tempo atrás. Eles passaram pela entrada da estação de trem Great Northern, o ponto de partida para Belfast, onde é claro estava já suspenso todo o tráfego naquela hora avançada e passando a porta dos fundos da morgue (localidade não muito empolgante, para não dizer mórbida a um certo grau, mais especialmente à noite) finalmente atingiram a taverna Dock e em seu tempo devido dobraram na rua Store, famosa por sua delegacia de polícia da divisão C. Entre este lugar e as altos e presentemente apagados armazéns da praça Beresford Stephen pensou em pensar em Ibsen, associado em sua mente a Baird o entalhador de alguma forma na praça Talbot, primeiro dobrando à direita, enquanto o outro que agia como seu fidus Achates inalava com interna satisfação o aroma da urbana padaria de James Rourke, situada bastante próxima de onde se encontravam, o odor deveras palatabilíssimo de pão nosso de cada dia, de todas as mercadorias públicas a mais indispensável e primária. Pão, o sustentáculo da vida, ganhe seu pão, ah, diga-me onde haverá pão de qualidade, no padeiro Rourke, dizia-se.


***

Ele virou um longo olhar você está errado para Stephen de timorato orgulho obscuro com a branda increpação com um olhar também de solicitação pois ele parecia deduzir de certa forma que não era tudo exatamente.

Ex quibus, Stephen resmungou com um tom descompromissado, com seus dois ou quatro olhos em intercâmbio, Christus ou Bloom é seu nome ou no fim de contas qualquer outro, secundum carnem.

– Lógico, o senhor B. continuou, estipulando, você tem de olhar para os dois lados da questão. É difícil estabelecer qualquer regra rígida e intransponível de certo e errado mas espaço para melhorias por toda parte certamente existe embora cada país, como dizem, incluído nosso próprio e desgraçado, tenha o governo que merece. Mas com um pouco de boavontade espalhada. Fica muitíssimo bem se vangloriar de uma mútua superioridade mas por que não mútua igualdade. Me desagradam a violência e a intolerância sob qualquer forma ou aspecto. Nunca chega a nada nem pára coisa alguma. Uma revolução tem de vir no devido plano por prestações. É um absurdo patente em face disso odiar as pessoas porque vivem na outra esquina e falam outro vernáculo, na casa ao lado por assim dizer.

– A memorável e sangrenta batalha da ponte e a guerra de sete minutos, entre o beco Skinner e o mercado Ormond.

Sim, o senhor Bloom concordava integralmente, inteiramente endossando o comentário, que estava estonteantemente correto. E o mundo todo estava cheio de coisas assim.

– Você acaba de tirar as palavras da minha boca, ele disse. Um hócus pócus de provas que se contradizem que com toda a candura não se poderia nem remotamente....

Todas aquelas tristes querelas, em sua humilde opinião, mexendo com o sangue ruim das pessoas, vindas de alguma bossa de combatividade ou alguma espécie de glândula, erroneamente supondo-se tratar de alguma questiúncula de honra e de uma bandeira, eram em grandisíssima medida uma questão do dinheiro em questão o que estava por trás de tudo cobiça e inveja, já que as pessoas nunca sabem quando parar.

– Eles acusam, comentou ele audivelmente.

Ele se desviou dos outros que provavelmente e falou mais perto de, para que os outros caso eles.

– Os judeus, ele brandamente confidenciou em um aparte ao pé do ouvido de Stephen, são acusados de arruinar. Nem um só vestígio de verdade nisso tudo, eu posso dizer com segurança. A história, caso você fique surpreso por saber, prova cabalmente que a Espanha decaiu quando a inquisição acuou os judeus e os expulsou e a Inglaterra prosperou quando Cromwell, um tratante incomumente hábil que em outros assuntos tem muito por que responder, importou-os. Por quê? Porque eles são imbuídos do espírito adequado. São pragmáticos e provaram sê-lo. Eu não quero me estender quanto a isso porque você conhece as obras de referência e sendo ortodoxo como é. Mas no domínio, sem menção à religião, econômico o sacerdote significa pobreza. De novo a Espanha, você viu na guerra, comparada com a objetiva América. Os turcos. Está no dogma. Porque se eles não acreditassem que vão direto para o céu quando morrerem eles tentariam viver melhor, pelo menos é o que eu acho. Esse é o truquezinho com que as paróquias colhem tempestade com propósitos falsos. Eu sou, ele retomou com força dramática, um irlandês tão bom quanto aquela pessoa rude de que eu lhe falei no princípio e quero ver todos eles, concluía ele, todo os credos e raças pro rata com uma confortável renda de bontamanho de ₤300 por ano. Essa é a questão vital em discussão e é factível e provocaria relações mais amigáveis entre homens e homens. Pelo menos é essa a minha idéia, boa ou má. Eu chamo isso de patriotismo. Ubi patria, como nós aprendemos uns fumos nos nossos dias clássicos em Alma mater, vita bene. Onde você pode viver bem, é o sentido, se trabalhar.

***

– O que era que eu estava dizendo? Ah, é! Minha esposa, ele compartiu, mergulhando in medias res, teria um imenso prazer em travar conhecimento com você já que é apaixonadamente ligada a todo tipo de música.

Olhava de lado de modo amistoso para o lado do rosto de Stephen, a imagem e semelhança de sua mãe, o que não era exatamente a mesma coisa que o tipo bonito traiçoeiro de sempre que elas inquestionavelmente procuravam de forma insaciável já que ele talvez não fosse feito desse jeito.

Ainda assim supondo que ele tivesse os dons de seu pai como ele mais que suspeitava, isso abria novos panoramas em sua cabeça tais como as indústrias irlandesas de Lady Fingall, concerto na segundafeira anterior, e a aristocracia em geral.

Belíssimas variações ele estava agora descrevendo sobre uma ária Juventude tem seu fim de Jans Pieter Sweelinck, um holandês de Amsterdam, de onde vêm as vacas. Mais ainda ele apreciava uma velha canção alemã de Johannes Jeep sobre o mar claro e as vozes das sereias, doces assassinas de homens, que confundiu um pouco Bloom:

Von der Sirenen Listigkeit

Tun die Poeten dichten

Esses primeiros compassos ele cantou e traduziu ex tempore. Bloom, acenando com a cabeça, disse que entendia perfeitamente e lhe implorou que prosseguisse de toda forma o que ele fez.


Uma voz de tenor fenomenalmente bela como aquela, a mais rara das bênçãos, que Bloom admirou desde a primeira nota que ele emitiu, podia com facilidade, se administrada de maneira adequada por alguma autoridade em produção vocal como Barraclough e sendo capaz de ler música de quebra, pedir o preço que quisesse onde havia barítonos a um penny a dezena e garantir a seu afortunado dono no futuro próximo uma entrée em casas elegantes nos melhores bairros residenciais de magnatas financeiros de um grande elenco de negócios e gente da nobreza onde com seu grau universitário de B. A. (uma imensa propaganda a sua maneira) e seus modos cavalheirescos para com todos influenciando ainda mais a boa impressão ele infalivelmente faria um sucesso singular, sendo abençoado com um cérebro que também podia ser empregado para este propósito e com outros requisitos, se alguém cuidasse direito de suas roupas de modo a melhor cavar seu espaço em suas doces mercês já que ele, um jovem noviço nas delicadezas sartoriais da sociedade, mal compreendia como uma coisa pequena como essa pudesse militar contra alguém. Era na verdade apenas uma questão de meses e ele podia antevê-lo participando de suas conversaziones musicais e artísticas durante as festividades da estação natalina, de preferência, causando um leve tremor nos pombais do sexo frágil e sendo tratado como rei pelas senhoras à caça de sensações, casos quetais, como ele por acaso sabia, já tendo sido registrados – na verdade, sem entregar tudo, ele mesmo em um belo dia do passado, se tivesse se dado ao trabalho, podia facilmente ter. A isso se acresceria é claro o emolumento pecuniário de forma alguma desprezível, andando de mãos dadas com as taxas de seu agenciamento. Não, ele abriu um parêntese, que em nome do lucro imundo ele tivesse necessariamente de abraçar o palco lírico como sua estrada da vida por qualquer grande período. Mas um passo na direção exigida estava além de meros sim ou não e tanto monetariamente quanto mentalmente continha reflexão nenhuma sobre sua dignidade de forma alguma e sempre vinha singularmente a calhar receber um cheque em um momento muinecessitado quando cada pouquinho ajudava. Além disso, embora os gostos ultimamente tivessem se deteriorado em certa medida, música original como aquela, diferente do ramerrão convencional, teria rapidamente grande voga já que seria decididamente uma novidade para o mundo musical de Dublin depois da usual rodada burocrática de solos detenores empurrada em um público de disposto a confiar em tudo por Ivan St Austell e Hilton St Just e seu genus omne. Sim, sem a menor sombra de dúvida ele podia, com todas as cartas na mão e ele tinha uma oportunidade capital de fazer seu nome e ganhar um lugar elevado na estima da cidade de onde podia pedir o que quisesse e, reservando adiantado, dar um grandioso concerto para os patronos da casa da rua King, tendo alguém que lhe desse apoio, se um outro estivesse surgindo para chutá-lo escada acima, por assim dizer, um se bem grande no entanto, com algum ímpeto do tipo seguemfrente para obviar a inevitável procrastinação que freqüentemente derrubava um príncipe dos bons sujeitos demasiadamente celebrado. E isso não implicava uma palha de desvio da outra coisa já que, sendo seu próprio patrão, ele teria montes de tempo para praticar a literatura em seus momentos vagos quando desejoso de fazê-lo sem que isso conflitasse com sua carreira vocal ou contivesse qualquer coisa de derrogatória que fosse já que era um assunto todo seu. Na verdade, ele tinha a faca e o queijo na mão e esta era precisamente a razão por que o outro, possuidor de um nariz muito aguçado para cheirar algo errado de qualquer espécie, aferrava-se a ele de todo.

O cavalo estava justo então. E mais tarde em uma oportunidade propícia ele propôs (Bloom propôs), sem de maneira alguma meter a colher em sua vida provada segundo o princípio de que os tolos pisam onde os anjos, aconselhando-o a romper seus laços com um certo clínico pomposo que, ele percebeu, tinha tendência de fazer pouco dele e mesmo com algum pretexto hilário quando em sua ausência, deprecá-lo, ou como quer que você prefira chamar a isso o que na humilde opinião de Bloom projetava uma pérfida sombra naquela faceta do caráter de uma pessoa, sem trocadilhos.

O cavalo tendo chegado ao fim de sua linha, por assim dizer, parou e, erguendo alta uma orgulhosa cauda emplumada, depositou sua quota deixando cair no chão que a escova iria em breve escovar e polir, três fumarentos globos de bosta. Lentamente três vezes, uma depois da outra, de um lombo cheio ele estercou. E cortesmente seu condutor aguardou até que ele (ou ela) tivesse terminado, paciente em seu carro alfanjado.

Lado a lado Bloom, aproveitando-se do contretemps, com Stephen passaram pelo espaço entre as correntes, divididos pelo poste, e, passando sobre uma trilha de esterco, atravessaram na direção da rua Gardiner de baixo, Stephen cantando mais atrevidamente, mas não alto, o fim da balada.

Und alle Schiffe brücken

O condutor jamais soltou uma só palavra, boa, má ou indiferente, mas meramente observou as duas figuras, sentado em seu carro de fundo baixo, ambas negras, uma cheia, uma pouca, caminharem para a ponte da estrada de ferro, para serem casadas pelo padre Maher. Enquantto caminhavam elas por vezes paravam e caminhavam novamente continuando seu tête à tête (de que, é claro, ele estava completamente excluído) sobre sereias, inimigas da razão do homem, misturadas com uma série de outros tópicos da mesma categoria, usurpadores, casos históricos do gênero enquanto o homem no carro varredor ou você bem podia chamá-lo de carro dormitório que de um jeito ou de outro não podia ouvir porque eles estavam longe demais simplesmente estava sentado em seu assento perto do fim da rua Gardiner de baixo e cuidava do carro de fundo baixo dos dois.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Circe

(A entrada da rua Mabbot para Nighttown, diante da qual se estende um findelinha dos bondes sem pavimentação, com trilhosesqueletos, fogosfátuos vermelhos e verdes e sinais de perigo. Fileiras de casas maltrapilhas com portas escancaradas. Raras lâmpadas com cúpulas arcoíris desbotadas. Junto à imobilizada gôndola de sorvetes de Rabaiotti, homens e mulheres gorados batem boca. Agarram-se a biscoitos ázimos entre os quais se espremem pedras de carvão e neve cobre. Sugando, dispersam-se, lentos. Crianças. A cisnecrista da gôndola, altempinada, finge-se cruzando a lama, branca, azul, sob um farol. Assovios chamam, respondem.

O CHAMADO

Espera, amor, que estarei contigo.

AS RESPOSTAS

Ali atrás do estábulo.

(Um idiota surdo mudo com olhos saltados, a boca disforme babando, passa convulso, agitado na dança de São Vito. Uma corrente de mãos de crianças o aprisiona.)

AS CRIANÇAS

Sinistro! Saúde.

O IDIOTA

(ergue uma mão paralisada e arrulha) Ghahud!

AS CRIANÇAS

Cadê a grande luz?

O IDIOTA

(Boquejando) Ghaghahest.

(Elas o libertam. Ele segue convulso. Uma pigméia balança de uma corda presa entre as vigas, contando. Uma forma escarrapachada contra um cesto de lixo e obnubilada por seu braço e seu chapéu se move, resmunga, rilha urros nos dentes, e ronca de novo. Em um degrau um gnomo bebezando entre uma pilhadejetos se agacha para pôr ao ombro uma saca de trapos e ossos. Uma velho de pé por perto com uma fumarenta lanterna a óleo atocha a última garrafa na bocarra de sua saca. Guinda seu butim, puxa, envieza seu gorro de ponta e sai cambaleante, mudamente. O velha se dirige de volta a seu covil balançando sua lâmpada. Uma criança cambaia, acocorada no limiar com uma peteca de papel, rasteja deslizante atrás dela em repelões, agarra sua saia, arrasta-se para cima. Um operário bêbado agarra com as duas mãos as grades de um pátio, espreitando, pesado. Em uma esquina duas rondas noturnas com capas sobre os ombros, mãos nos coldres dos cassetetes, formas altas vigilantes. Um prato se estilhaça: uma mulher grita: uma criança berra. Pragas de um homem rugem, murmuram, cessam. Figuras erram, emboscadas, observam dos cortiços. Em um quarto à luz de uma vela enfiada em um gargalo uma vadia penteia e desfia os nós do cabelo de uma criança escrofulosa. A voz de Cissy Caffrey, ainda jovem, canta aguda da alameda.)

CISSY CAFFREY

Eu dei para a Molly

Ao som desse fole,

A pata do pato

A pata do pato.


***

UM VELHO RESIDENTE

O senhor é um crédito para seu país, senhor, essa é que é a verdade.

UMA VENDEDORA DE MAÇÃS

É o tipo de homem que a Irlanda quer.

BLOOM

Meus amados súditos, uma nova era está prestes a nascer. Eu, Bloom, em verdade vos digo que ela está já surgindo. Sim, pela palavra de um Bloom, em pouco adentrareis a cidade que será, a nova Bloomusalém novae Hiberniae do futuro.

(Trintedois operários, usando rosetas, de todos os condados da Irlanda, guiados por Derwan, o construtor, erigem a nova Bloomusalém. Trata-se de um colossal edifício com teto de cristal, construído no formato de imenso rim de porco, contendo quarenta mil cômodos. No curso de sua ampliação diversos edifícios e monumentos são demolidos. Escritórios do governo são temporariamente transferidos para abrigos ferroviários. Numerosas casas são arrasadas. Os habitantes são acolhidos em tonéis e caixas, todas marcadas em vermelho com as letras: L. B. Diversos pedintes caem de uma escada. Uma parte das muralhas de Dublin, atulhadas de leais curiosos, desmorona.)

OS CURIOSOS

(morrendo) Morituri te salutant. (morrem)

(Um homem vestindo uma capa mackintosh marrom surge de um alçapão. Ele aponta um dedo alongado para Bloom.)

O HOMEM COM A MACKINTOSH

Não acreditem em uma só palavra do que ele diz. Este homem é Leopold M'Intosh, o notório incendiário. Seu verdadeiro nome é Higgins.

BLOOM

Dêem-lhe um tiro! Cachorro de cristão! Chega de M'Intosh!

(Um tiro de canhão. O homem com a mackintosh desaparece. Bloom com seu cetro nocauteia papoulas. Reportam-se as mortes instantâneas de muitos poderosos inimigos, pecuaristas, membros do parlamento, membros de comitês permanentes. Os guardacostas de Bloom distribuem óbulos, medalhas comemorativas, pães e peixes, distintivos de temperança, caros charutos Henry Clay, ossos de vaca gratuitos para a sopa, preservativos de borracha em envelopes selados atados com fio de ouro, caramelos de caramelo, balas de abacaxi, billets doux na forma de chapéus de aba virada, ternos prontos, vasilhas de vaca atolada, garrafas do fluido de Jeyes, valescompras, indulgências de 40 dias, moedas espúrias, salsichas de porcos alimentados com leite, passes para o teatro, bilhetes sazonais disponíveis para todas as linhas do bonde, cupons da loteria com privilégio real da Hungria, valesrefeições, reimpressões baratas dos Doze Piores Livros do Mundo: Froggy e Fritz (político), Cuidado do bebê (infantílico) 50 refeições por 7,6 (culínico), Teria Jesus sido um mito solar (histórico), Expulse essa dor (médico), Compêndio infantil do universo (cósmico), Gargalhemos todos (hilárico), Vademécum do corretor publicitário (jornalístico), Cartas de amor da madre assistente (erótico), Quem é quem no espaço (ástrico), Canções que tocaram nossos corações (melódico), De tostão em tostão até a riqueza (parcimônico). Correria e agitação generalizadas. As mulheres se acotovelam para tocar a bainha da toga de Bloom. Lady Gwendolen Dubedat irrompe através da turba, salta em seu cavalo e beija-o em ambas as bochechas entre grande aclamação. Tira-se uma fotografia com lâmpada de magnésio. Bebês e lactentes são levantados.)

AS MULHERES

Paizinho! Paizinho!

***

STEPHEN

(voz embargada de pavor, remorso e horror) Eles dizem que eu te matei, mãe. Ele ofendeu a tua memória. Foi o câncer, não eu. Destino.

A MÃE

(uma verde linha de bile escorrendo do canto de sua boca) Você cantou aquela música para mim. O amargo mistério do amor.

STEPHEN

(ansiosamente) Me diga a palavra, mãe, se você sabe agora. A palavra que todos os homens conhecem.

A MÃE

Quem te salvou na noite em que você saltou no trem em Dalkey com o Paddy Lee? Quem teve pena de você quando você estava triste entre os estranhos? A oração é todopoderosa. Oração pelas almas que sofrem no manual das Ursulinas e indulgência de quarenta dias. Se arrependa, Stephen.

STEPHEN

O monstro! Hiena!

A MÃE

Eu rezo por você no meu outro mundo. Peça pra Dilly fazer pra você aquele arroz cozido toda noite depois do teu estudo. Por anos e anos eu te amei, ah, meu filho, meu primogênito, quando você estava dentro da minha barriga.

ZOE

(abanando-se com o leque das brasas) Ai que me derreto!

FLORRY

(aponta para Stephen) Olha! Ele está branco.

BLOOM

(vai até a janela para abri-la mais) Tonto.

A MÃE

(com olhos ardentes) Arrepende-te! Ah, o fogo do inferno!

STEPHEN

(ofegando) Seu sublimado incorrosivo! O mascadáver! Cabeça crua e ossos sangrentos.

A MÃE

(seu rosto chegando mais e mais próximo, recendendo a um alento de cinzas) Cuidado! (ela ergue seu braço direito seco enegrecido lentamente até o peito de Stephen com um dedo esticado) Cuidado com a mão de Deus!

(Um caranguejo verde com olhos malignos vermelhos enfia fundo suas garras sorridentes no coração de Stephen.)

STEPHEN

(estrangulado pela raiva, seus traços feitos cinzentos e velhos) Bosta!

BLOOM

(à janela) O quê?

STEPHEN

Ah non, par exemple! A imaginação intelectual! Comigo tudo ou não de todo. Non serviam!

FLORRY

Dêem um pouco de água fria para ele. Espera. (ela sai correndo)

A MÃE

(torce lentamente as mãos, gemendo desesperadamente) Ai, sagrado coração de Jesus, tem piedade dele! Salvai-o do inferno, ó divino sagrado coração!

STEPHEN

Não! Não! Não! Quebrem meu espírito, vocês todos, se puderem! Eu vou botar vocês todos a meus pés!

A MÃE

(na agonia de seu chocalho de morte) Tem piedade do Stephen, Senhor, em meu nome! Inexprimível foi minha angústia quando expirando de amor, dor e agonia no Monte Calvário.

STEPHEN

Nothung!

(Ele ergue seu freixo alto com as duas mãos e destrói o candelabro. A lívida última flama do tempo salta e, na escuridão que se segue, ruína de todo o espaço, vidro estilhaçado e alvenaria desmoronando.)

O BICO DE GÁS

Pwfungg!

BLOOM

Pare!

LYNCH

(corre e segura a mão de Stephen) Calma! Se acalme! Não alucine!

BELLA

Polícia!

**

BLOOM

(assopra) Providencial você ter surgido em cena. Você está com um carro...?

CORNY KELLEHER

(ri, aponta o polegar sobre o ombro direito para o carro encostado contra os andaimes) Dois mascates que andavam comprando borbulhas no Jammet´s. Pareciam príncipes, juro. Um deles perdeu duas pratas na corrida. Afogando as mágoas. E estavam dispostos a uma visita às menininhas. Então eu meti os dois no carro do Behan e toca pra nighttown.

BLOOM

Eu estava só indo para casa passando pela rua Gardiner quando por acaso eu ...

CORNY KELLEHER

(ri) Claro que eles queriam que eu me juntasse às raparigas. Não, pelo amor de Deus, digo eu. Não para uns velhuscos como eu e você. (ele ri novamente e olha, lascivo, com olhos deslustres) Graças a Deus nós temos em casa, não é? Hein? Está me entendendo? Rá, rá rá!

BLOOM

(tenta rir) Rê, rê, rê! É. A bem da verdade eu estava só visitando um velho amigo meu ali, Virag, você não conhece (pobre coitado, está esticado há uma semana) e nós tomamos uma bebida juntos e eu estava só no meu caminho para casa......

(o cavalo relincha)

O CAVALO

Cacacacacacá! Cacacacasa!

CORNY KELLEHER

Claro que foi o nosso cocheiro Behan que me avisou depois que deixamos os dois mascates na senhora Cohen e eu disse para ele encostar e desci para ver. (ele ri) Motoristas sóbrios de rabecão são uma raridade. Eu dou uma carona para ele até em casa? Onde é que ele se esconde? Algum lugar em Cabra, não é?

BLOOM

Não, em Sandycove, eu acho, pelo que ele deixou escapar.

(Stephen, de costas, respira para os astros. Corny Kelleher, oblíquo, puxa o cavalo. Bloom, incomum, prazer nenhum.)

CORNY KELLEHER

(coça a nuca) Sandycove! (ele se curva e chama por Stephen) Ei! (chama novamente) Ei! Ele está coberto de serragem de qualquer maneira. Cuide para eles não roubarem nada dele.

BLOOM

Não, não, não. Eu estou com o dinheiro dele e o chapéu aqui e a bengala.

CORNY KELLEHER

Ah, muito bem, ele vai se recuperar. Nenhum osso quebrado. Bom, eu vou indo. (ri) Eu tenho um encontro marcado de manhã. Enterrar os mortos. Sãos e salvos para casa!

O CAVALO

(relincha) Cacacacacasa.

BLOOM

Boa noite. Eu vou só esperar e levá-lo daqui em alguns...

(Corny Kelleher volta para o carro e monta nele. Os arreios do cavalo estralejam.)

CORNY KELLEHER

(de dentro do carro, de pé) Noite.

BLOOM

Noite.

(O cocheiro estala as rédeas e ergue o chicote encorajadoramente. O carro e o cavalo andam lentos para trás, desajeitadamente, e viram. Corny Kelleher no assento lateral oscila a cabeça para a frente e para trás em sinal de alegria para com a missão de Bloom. O cocheiro se junta à muda diversão pantomímica acenando com a cabeça do assento mais distante. Bloom sacode a cabeça em muda resposta divertida. Com o polegar e a palma da mão Corny Kelleher reassegura que os dois guardinhas vão deixar o sono em paz por quanto seja necessário. Com um lento aceno de cabeça Bloom expressa sua gratidão sendo isso exatamente o que Stephen precisa ter. O carro estraleja larirá pela esquina da lariralameda. Corny Kelleher novamente reassegurarirá com a mão. Bloom com sua mãos assegurarirá a Corny Kelleher que está reassegurirarirado. Os cascos estalantes e estralejantes arreios vão sumindo com seu larirá lari lailai. Bloom, segurando o chapéu de Stephen, embandeirado de serragem, e o freixo, resta irresoluto. Então ele se curva até ele e o sacode pelo ombro.)

BLOOM

Ei! Oi! (Não há resposta. Ele se curva mais uma vez.) Senhor Dedalus! (não há resposta) O nome se você disser. Sonâmbulo. (ele se curva mais uma vez e, hesitante, leva sua boca mais próxima da forma prostrada) Stephen! (Não há resposta. Ele chama de novo.) Stephen!

STEPHEN

(contorce o rosto) Quem? Pantera negra. Vampiro. (ele suspira e se estica, depois murmura enrolado com prolongadas vogais)

Quem... conduzir... Fergus agora

E furar... a sombra entretecida da madeira...?

(Vira-se para o lado esquerdo, suspirando, dobrando-se sobre si próprio.)

BLOOM

Poesia. Bem educado. Pena. (ele se curva novamente e solta os botões do colete de Stephen) Para respirar. (ele espana a serragem das roupas de Stephen com mão leve, e dedos) Uma libra e sete. Pelo menos não está machucado. (escuta) O quê?

STEPHEN

(murmura)

... sombras ... o bosque

... alvo seio ... mar escuro.

(Ele estende os braços, suspira novamente e enrosca o corpo. Bloom, segurando o chapéu e o freixo, continua ereto. Um cão ladra à distância. Bloom segura mais forte e mais fraco o freixo. Ele olha para o rosto e a forma de Stephen, para baixo.)

BLOOM

(comunga com a noite) O rosto me lembra o da coitada da mãe dele. No bosque sombrio. O fundo e alvo seio. Ferguson, eu acho que peguei. Uma moça. Alguma moça. Melhor coisa que podia acontecer com ele. (ele murmura)..... Juro que sempre saudarei, sempre ocultarei, nunca revelarei, qualquer parte ou partes, arte ou artes...... (murmura)..... nas rudes areias do mar. Longe da praia uma toa.... onde reflui a maré... e flui.....

(Silente, pensativo, alerta monta guarda, dedos nos lábios na atitude do mestre secreto. Contra a parede escura uma figura surge lentamente, um meninofada de onze anos, um bebê trocado, raptado, vestindo um terno de Eton com sapatos de vidro e um pequeno elmo de bronze, segurando um livro. Ele lê da direita para a esquerda, inaudivelmente, sorrindo, beijando a página.)

BLOOM

(maravilhado, chama inaudivelmente) Rudy!

RUDY

(mira, senvermente, os olhos de Bloom e segue lendo, beijando, sorrindo. Tem um delicado rosto bordô. Em seu terno há botões de diamante e de rubi. Em sua mão esquerda livre ele segura uma fina cana de marfim com um laço violeta. Um cordeirinho branco espia do bolso de seu colete.)